CORREÇÃO DA VISÃO, EXAME DE
VISTA.
QUAL O PROFISSIONAL MAIS
ADEQUADO?
TODOS SÃO IGUAIS?
São dúvidas frequentes da
população e às vezes das próprias Casas de Óptica. Principalmente quando se
fala em exames da visão e, sobretudo quando ficam dúvidas se a correção que o
profissional indica é a mais adequada para cada caso.
Segundo escreveu Vergara*, em
"Estrabismo e olho preguiço, Mitos, Lendas e Verdades", Editora
Rona Vision, 2014, atualmente pode-se responder com segurança a
muitas perguntas e dúvidas sobre várias situações. Principalmente pela evolução
dos conhecimentos e de novas técnicas conquistadas através de estudos e
pesquisas avançadas que já podem ser encontradas em muitos países, inclusive no
Brasil. Assim como na ambliopia e os nos desvios que
vem sendo abordados como deficiências que apresentam possibilidade de correção
sem os incômodos oclusores ou as complicadas cirurgias.
As perguntas formuladas à Pilar
Vergara, em virtude de sua grande experiência e do avanço conquistado nesta
área, esclarecem e evidenciam que novas técnicas podem e estão sendo aplicadas
com sucesso em casos onde antes eram utilizadas somente a oclusão e cirurgia.
1. A qual profissional devo
me dirigir para uma avaliação da visão do meu filho?
Com certeza é uma dúvida que
deixa grande parte dos pais inseguros no momento em que o filho apresenta
alguma queixa da visão. Ou quando a escola envia aos pais uma recomendação para
que seja feita exame de vista no aluno por orientação de professores. Pilar
Vergara respondeu da seguinte maneira.
R.: O melhor é dirigir-se a um
especialista em Optometria Pediátrica, com conhecimentos tanto da visão
binocular infantil, como do desenvolvimento da visão em crianças.
Preferencialmente um profissional que tenha especialidade em Optometria
Comportamental e Terapia Visual.
2. Qual a diferença entre um
optometrista e um oftalmologista?
É outra dúvida que a cada dia,
mais as pessoas procuram uma explicação. Pilar Vergara escreveu com
propriedade.
R.: Existem dois tipos de
profissionais, claramente diferenciados, que se ocupam da visão: de um lado, os
óptico-optometristas e do outro, os oftalmologistas. Existe uma grande
variedade entre estes profissionais, segundo sua habilidade e experiência no tratamento
dos diferentes problemas, especialmente nas crianças.
* O Oftalmologista é
um médico especializado em doenças dos olhos que também realiza refração e
prescreve lentes. Sua especialidade é receitar medicamentos para tratar doenças
oculares e efetuar intervenções cirúrgicas.
* Óptico optometrista é
o profissional da Área da Saúde que se dedica ao estudo e tratamento das
disfunções da visão, assim como compensar os erros de refração mediante métodos
não invasivos, prescrevendo lentes em óculos ou de contato.
* Optometrista
Comportamental se dedica ao estudo e tratamento de diferentes
transtornos da visão utilizando lentes em óculos, de contato, lentes filtrantes
e técnicas que envolvem Terapia Sintônica e Terapia Visual. Os problemas que
tratam estão envolvidos com transtornos do desenvolvimento, percepção visual,
dificuldade de aprendizado relacionados com a visão, estrabismo e ambliopia.
Estes profissionais também são conhecidos comooptometristas do
desenvolvimento, optometristas neurocognitivos e optometristas
de reabilitação.
3. Caso eu tenha um olho amblíope por uma
patologia, existe algo que se possa fazer?
A situação provoca perguntas frequentes nos
consultórios: Já existe tratamento para ambliopia? As ambliopias podem ser
revertidas?
Vergara respondeu em seu livro.
R.: Conforme descrito anteriormente, a ambliopia orgânica,
ou seja, aquelas provocadas por patologia, não são totalmente recuperáveis, em
vista da existência de dano na estrutura do olho. Contudo, com a Terapia Visual
e Terapia Sintônica, com frequencia pode-se ajudar o paciente na tentativa de
conquistar a máxima performance do resto de visão que o paciente ainda possui,
além de, na medida do possível, reabilitar cada uma das suas habilidades
visuais. Quando existem sintomas, estes podem ser reduzidos e mesmo eliminados
potencializando o resíduo visual para melhorar a qualidade de vida do paciente.
4. No caso de necessidade de cirurgia do
estrabismo do meu filho, ele irá recuperar a binocularidade?
A dúvida foi respondida da seguinte maneira por
Vergara:
R.: Não existe garantia de que a cirurgia consiga
recuperar a binocularidade. Esta propriedade, assim como a estereopsia são
habilidades que se aprende e se desenvolve através do aprendizado e da
experiência.
5. A cirurgia para correção de estrabismo é
uma operação com garantia?
Segue a resposta de Vergara, apresentada através de
sua vasta experiência clínica em casos resolvidos com as técnicas inovadoras e
após vários estudos sobre a questão.
R.: Na verdade esta pergunta deveria ser
direcionada a um oftalmologista. Em minha opinião, em qualquer cirurgia, seja
qual for, é preciso estar o mais inteirado possível dos problemas que podem
ocorrer antes e depois da operação. Não esquecendo que a cirurgia de estrabismo
é realizada com anestesia geral e conforme revisão anterior existe recentes
estudos que mostram efeitos secundários potenciais verificados por anestesia em
crianças. Estes efeitos podem ser observados mais tarde na vida da criança onde
podem ser incluídos problemas de aprendizado, dificuldade com a linguagem tanto
de expressão como de recepção e déficit cognitivo. Existem outras consequências
potenciais revisados no livro.
6. Se a oclusão não é o melhor nem o
tratamento mais efetivo, porque é o mais usado?
Vergara é contundente na sua afirmativa,
respondendo que:
R.: Conforme já comentei em várias ocasiões na
minha literatura, o procedimento oclusivo começou a ser utilizado pela primeira
vez no século XVIII. Uma vez o hábito instalado e consagrado, não é fácil que
uma pessoa apresente mudanças. Foi necessário décadas para que a ideia da
plasticidade neurofuncional em adultos fosse aceita. Muitos homens e mulheres
dedicaram suas vidas na defesa destas ideias que pareciam inverossímeis a
primeira vista, mas que agora tem sido mostrado de forma objetiva e científica.
As mudanças acontecem de forma lenta e muitas vezes depois de superar
grande resistência.
O objetivo deste livro é colocar tudo o que for
possível de minha parte para contribuir na difusão destes conhecimentos e ter
um veículo para compartilhar com vocês. Devemos descartar os tratamentos
obsoletos colocando em seu lugar métodos atualizados. Devemos superar os velhos
paradigmas visto que não podem sobreviver, assim como a limitação da
idade para tratamentos neurofuncionais ou ainda que a oclusão
seja o único e efetivo tratamento para a ambliopia.
7. Pode ser conseguido que todos os olhos com
ambliopia se recuperem ou existe algum limite de idade ou de outro tipo?
Vejamos o que escreveu Vergara.
R.: Cada paciente é diferente, portanto, cada caso
deve ser visto de forma individual. Contudo, a idade não é o problema,
ainda que seja melhor iniciar o tratamento quanto mais cedo possível porque
aumentam as possibilidades de uma recuperação completa. Não existindo patologia
no olho e na via visual, deveria ocorrer a recuperação de forma total ou
parcial, visto ser um problema funcional sendo a redução da acuidade visual um
transtorno neurofuncional.
8. É verdade que crianças não podem usar lentes de
contato?
Vergara: Não, isto é outro mito. Não
existe nenhum trabalho que comprove esta afirmação. Além do que existem
milhares de crianças que usam lentes de contato com muito êxito. Em muitos
tratamentos de ambliopia, a lente de contato é o procedimento básico. Sem as
lentes de contato, muitas vezes todos os demais fracassam.
9. Onde posso encontrar um profissional que faça Terapia
Visual?
Vergara: O melhor é procurar um Optometrista
Comportamental, mesmo que tenha que viajar para encontrar um com esta
qualificação. Os optometristas comportamentais não são muitos, tanto na Espanha
como em todo o mundo, devido aos profundos estudos requeridos que são
extremamente específicos.
10. Após ter sido operado várias vezes de
estrabismo, isto afeta o prognóstico em aderir a Terapia Visual? Poderia
recuperar a binocularidade e ver em 3D?
Vergara: Realmente, o prognóstico é pior, visto que
os olhos não estarão mais em seu estado natural. Nesta situação não se pode
afirmar como se encontram as conexões neurais que os músculos tiveram que fazer
para se adaptar ao pós-cirúrgico ou se existem aderências. Às vezes aparecem
desvios diferentes daqueles que o paciente tinha antes da operação. Sem dúvida
a Terapia Visual Optométrica Comportamental pode tratar estes tipos de casos
com êxito. Sem ir muito longe temos o caso da Sra. Susan Barry que após ser
operada três vezes, finalmente recuperou a binocularidade e a estereopsia aos
48 anos de idade.
11. Para quem não possui
binocularidade ótima, isto pode afetar a prática esportiva?
Vergara: Com certeza, embora dependa do esporte.
Naqueles onde é utilizada uma bola, por exemplo, o rendimento fica muito
prejudicado. Desta forma no basquete, vôlei, beisebol, ginástica rítmica e em
outros, é necessário seguir com precisão a bola, calcular a velocidade e a
distância, coordenar olho/mão e ter desempenho nas três dimensões do espaço.
Por outro lado, no futebol é importante a percepção de uma visão global do
jogo, minimizar o tempo de reação, controlar o que acontece na periferia e no
centro ao mesmo tempo. Não significa dizer que não se pode praticar esportes
sem boas habilidades visuais. Contudo quando estas faltam, fica observável que
o potencial não tem o máximo rendimento atlético. A visão, estando bem, ajuda
muito, mas se não está, chega a provocar séria interferência.
12. Pode ser avaliada a binocularidade de um bebê?
Vergara: Sim a visão de um bebê pode ser avaliada
quase como em um adulto, desde que as provas estejam adaptadas para tomadas de
forma objetiva e não subjetiva. Contudo, é muito importante que estas
avaliações sejam realizadas por especialista em crianças, porque nem as provas
são as mesmas que as executadas em adultos, tampouco a forma de tratar o
paciente e os resultados esperados serão iguais. Por isto, quando um pai escuta
de um profissional que a avaliação da visão do seu filho não pode ser feita
porque ele ainda não sabe ler, é chegado o momento de procurar outro
profissional.
13. Por que em alguns tratamentos com oclusão a
acuidade visual melhora e quando é retirado o oclusor volta a piorar?
Vergara: O efeito ioiô é bastante habitual quando
realizado somente com a oclusão. Ao colocar o oclusor é como se tirássemos, da
casa de irmãos gêmeos, o mais eficiente. O outro, embora preguiçoso, não
encontraria dificuldade para se comunicar com sua mãe, (o córtex visual). Por
isto, a acuidade melhora no olho amblíope quando se oclui o olho sadio. Mas
quando o oclusor é retirado, o dominante "volta de novo" a
"calar a boca" do olho mais fraco, não o deixando falar, no caso,
prejudicando sua performance visual, produzindo o que tecnicamente chamamos desupressão.
A única maneira de romper este círculo é utilizando outro tratamento que elimine
a rivalidade e promova a binocularidade conforme pode ser visto no livro,
quando são utilizadas técnicas, primeiro de anti-supressão e de depois de
fusão.
14. E o mesmo não acontece com Terapia Visual?
Vergara: Quando realizada corretamente são feitas
novas conexões neurológicas obtendo-se respostas de binocularidade e
estereopsia e não se perdendo a acuidade visual conquistada. Existem estudos
que mostram estes resultados em pacientes que após haver concluído a terapia e
continuam com o seguimento por um prazo hábil.
15. O aprendizado pode ficar afetado em portador de
ambliopia ou estrabismo?
Vergara: Com certeza. Contudo em casos onde a
criança não apresenta comprometimento, ocorreu o que chamamos de uma boa
adaptação sensorial e o sistema visual consegue um bom funcionamento. Sem
dúvida, em muitas ocasiões, a rivalidade entre os dois olhos provocam vários
transtornos especialmente na hora de aprender a ler e escrever. Por isto,
embora a criança apresente boa capacidade intelectual, se o sistema visual
interfere, o aprendizado pode ser afetado. Mesmo a atenção pode estar
comprometida, visto que o esforço que precisa para realizar suas tarefas é
desgastante: às vezes vê duplo, em outras, como em estrábicos, pula palavras ou
não entende o que lê. Em ocasiões as letras tremem ou vê colorido e assim um
longo etecetera de sintomas que fazem do aprendizado um verdadeiro calvário.
16. Mas se não usa o olho "preguiçoso"
por que ocorrem estes sintomas?
Vergara: Conforme temos explicado, trata-se de um problema
da binocularidade. Significa que entre os dois olhos um deles tem sua agudeza
visual debilitada. Isto identifica olhos com "problemas" de
aprendizado porque ao não utilizar um olho, que está debilitado, embora o outro
tenha boa acuidade visual, a situação não garante que outras habilidades
visuais se desenvolvam adequadamente.
17.Quanto tempo demora um programa de Terapia
Visual em caso de ambliopia não estrábica? E em caso de estrabismo?
Vergara: Varia de um optometrista a outro e de um
paciente a outro, mas em linhas gerais pode durar entre nove meses a um ano
para a ambliopia e um ano e meio para o estrabismo. Com certeza são tempos
orientativos visto que sempre dependerá de cada caso, da concordância, da
motivação, do que for trabalhado em casa etc.
Os resultados aparecem muito antes deste prazo, mas
é necessário automatizar os procedimentos dentro do possível para que exista um
aprendizado real que não se perca ao parar o tratamento. Por isto se leva mais
tempo, por se tratar de uma recuperação neurológica, não muscular. São
tratamentos que requerem sacrifício, mas os resultados valem a pena.
*Estrabismo Y Ojo Vago
Mitos, Leyendas e Verdades.
O modelo de tratamento mais avançado e efetivo no
século XXI
*Pilar Vergara Giménez
Optometrista - Universidade Complutense de Madrid e
Universidade de Granada
Master de Optometria e Terapia Visual - Centro de
Optometria Internacional.
Professora de Terapia Visual e Optometria
Comportamental.
Tradução e adaptação
Professor Vilmario Antonio Guitel
Técnico em Óptica - SENAC SP
Bacharel em Optometria - UNC -
Canoinhas SC
Pós Graduação Alta Optometria -
UNC
Pós Graduação Magistério do Curso
Superior - UNC
Especialista em Optometria
Sintônica - Instituto Thea
Optometria Comportamental -
Instituto Thea